terça-feira, 31 de julho de 2012

EXCESSO DE PESO, OUTRA PERSPECTIVA...





O peso do seu corpo não é nada comparado com o peso que carrega no coração... a tristeza, a vergonha, o desespero, o cansaço. Imagine, mesmo que seja por um segundo, que existe uma força no universo capaz de agarrar na mágoa, na vergonha e em todas as outras emoções negativas  e simplesmente tirá-las de cima dos seus ombros. Carrega consigo um fardo que não devia carregar e que não é obrigado a carregar.
O seu peso é um fardo que pode, a partir deste preciso instante, pousar e deixar que seja outra pessoa a carregar. Veio a este mundo para viver com leveza, com o mesmo sentimento de alegria despreocupada que as crianças pequenas têm. Assim que a sua mente se tornar mais leve, também o corpo adquirirá uma nova leveza.
Uma criança pequena que vive num ambiente normal e saudável é livre e desocupada porque parte do principio de que todas as suas necessidades são supridas por um adulto. O dever deste é o de servir de modelo para que a criança desenvolva uma relação saudável com o Divino.
Devemos confiar no universo da mesma forma que uma criança confia num adulto. Apesar disso, se durante a sua infância teve a impressão de que os adultos que desempenhavam o papel da autoridade na sua vida não se mostraram dignos de confiança, poderá ter tido dificuldade em desenvolver uma confiança saudável na natureza absoluta da realidade. No seu modo de ver as coisas, está por sua conta e risco e tem de resolver todos os problemas sem a ajuda de ninguém. Não admira que se sinta pesado!!
Consequentemente, sente dificuldade em processar as emoções. Em vez de as digerir, agarra-se a elas e tenta dar-lhes o corpo. Em vez de renunciar aos problemas, quer seja de ordem consciente ou inconsciente assimila-os. No plano subcosnciente, faz com que o seu corpo aumente de tamanho para esconder os problemas no seu interior. Tenta criar un recipiente suficientemente grande para os armazenar quando nem sequer devia arcar com eles!

Talvez tenha necessidade de se boicotar quando as coisas correm demasiado bem. Talvez tenha tomado a decisão subconsciente de que tem direito ao sucesso, ao dinheiro, à beleza psiquica e à felicidade mas até só certo ponto. Porquê? Os motivos podem ser diversos: talvez tenha crescido com medo de desafiar limites que os seus pais não ousaram contestar, talvez se sinta embaraçado por ter alcançado um sucesso maior que as pessoas que o rodeiam ou o preocupasse a possibilidade de perder o amor ou a aprovação dos outros caso se atrevesse a viver a vida como queria.
Não importa o motivo  pelo qual ergueu esta barreira invisivel, este limiar a partir do qual a sirene do subconsciente começa a soar "Oh, não!! Isto é muito bom!! É demasiado bom para ti! Não venhas por aqui! Volta para trás!"
O impulso de comer em excesso reflecte esta barreira invisivel que ergueu na sua mente. A barreira em si é a raiz do seu problema. Não basta controlar o seu apetite, a verdadeira cura implica a dissolução da barreira e a eliminação do pensamento falacioso que o tem mantido prisioneiro.

Não pode renunciar ao seu peso sem renunciar também à crença subconsciente de que é mais seguro ter excesso de peso. Se a nível subconsciente está convicto de que ter excesso de peso é mais seguro que ser magro, é evidente que o seu instinto primitivo de sobrevivência se certificará de que mantém o excesso de peso. Sentirá uma necessidade subconsciente de sabotar as decisões que seriam melhores para si.
Por vezes, sentimo-nos tentados a condicionar o nosso bem com medo de que, ao permitir-lhe que se manifeste, a vida se torne caótica e escape ao nosso controlo.
Mas o facto de vivermos à mercê dos nossos mecanismos de controlo - que se exprimem, quer pelo excesso, quer pela privação - não quer dizer que tenhamos qualquer controlo sobre a nossa vida. Ao tentar reprimir os seus sentimentos, a sua beleza, o seu sucesso, a sua força vital, está a reprimir a própria vida. Isso é, no fundo, impossível. Por mais que tente interromper o processo, a vida acontece. Tanto pode evoluir numa direcção ou noutra. O que é certo é que ela segurá o seu rumo, dê por onde der. Em vez de tentar reprimir o que é irreprimível, permita-o.
Contemple a fonte da vida sem procurar deter o seu fluxo. Desfrute das suas inúmeras delícias - a maior de todas elas não a encontrará na comida mas sim numa vida plena. Não resista ao fluxo da vida. Relaxe e deixe-se levar por ele. Maravilhe-se perante o milagre infinito da vida.....

Marianne Williamson


quarta-feira, 25 de julho de 2012

SIMPLESMENTE RESPIRAR...






A respiração é um indicador claro da nossa vida interior: uma ponte entre corpo e mente.
Aprender a prestar atenção à respiração é o principio da meditação. É uma forma de observar que estamos vivos, de nos acalmarmos e de regressarmos ao aqui e agora. Observar a respiração torna-nos conscientes dos nossos corpos e da sua interdependência com o mundo. Um curto período dedicado todos os dias à respiração consciente, sentado numa posição erecta e vigilante, ou caminhando lentamente, ou quando se faz uma pausa a meio de outras actividades, melhora a saúde e acalma a vida da pessoa. 
Respire a partir do abdómen. Não tente alterar o fluxo natural, observe apenas. A respiração tornar-se-á naturalmente mais profunda. Muitas pessoas respiram apenas com a parte superior do tórax, o que as torna mais vulneráveis ao pânico. 
Se, ao longo do dia, puder parar de vez em quando, talvez quando o relógio badala ou toca o telefone, e desfrutar da respiração durante um minuto antes de regressar à tarefa entre mãos, haverá menos acumulação de stress e as coisas serão feitas de uma forma mais equilibrada e cuidadosa. 
A meditação é um processo de fixar a atenção num objecto salutar. A respiração é um desses objectos. A plena atenção à respiração é uma das formas mais simples e profundas de meditação e todos podemos beneficiar dela.

David Brazier



Inspirando, acalmo o meu corpo.
Expirando, sorrio.
Inspirando, detenho-me no momento presente 
Expirando, sei que é um momento maravilhoso.
                                             
                                  Thich Nhat Hanh

quinta-feira, 19 de julho de 2012

AS EMOÇÕES




As emoções constituem um aspecto fundamental de toda a vida humana, sendo muitas vezes  a causa mais imediata do sofrimento psiquico.
Por isso, algumas delas como o ódio, a raiva ou o desespero, são rotuladas como emoções negativas, embora na realidade este rótulo não seja muito afortunado (prefiro chamá-las de emoções dificeis ou dolorosas), já que todas as emoções têm uma sua razão de ser, no fundo positiva. Existem para tratar ou resolver problemas, não para criá-los. Se nos fazem sofrer com frequência, é porque lhes resistimos e não sabemos manejá-las com habilidade.
No lugar de aproveitá-las como fonte de energia vital, são as emoções que nos utilizam e dominam, fazendo-nos dar guinadas ou directamente cometer acções desafortunadas que acabam convertendo-se em novas e crescentes fontes de sofrimento.

Enquanto nos indentificarmos com as nossas emoções, seremos dominados por elas, e assim, não poderemos "ver com claridade" e comprender como é a nossa realidade e como podemos vivê-la com sucesso e plenitude.
Permitir que as emoções não sejam um impedimento, pelo contrário, serem uma ajuda, requer que modifiquemos a nossa forma de nos relacionarmos com elas.
Para isso, é conveniente entender qual é a sua função nos seres humanos em geral, estabelecendo uma base, que permitirá a compreensão das nossas emoções pessoais, que são as que nos "podem causar problemas".
A compreensão das emoções, tanto nos outros como em nós mesmos, é o que nos vai permitir desenvolver a capacidade de convertê-las num aliado, em lugar de sofrê-las, como um inimigo.

A médio ou longo prazo, as emoções requerem um tipo de integração diferente, relacionado com a transformação da consciência egoica (Ego) numa consciência transpessoal. A compreensão profunda de como as emções funcionam nas nossas vidas vai-nos conduzindo a uma situação de ausência de anseios e temores. É o desapego, ou seja, a compreensão da futilidade de qualquer tentativa de pretender alcançar a felicidade, acumulando prazeres e evitando a dor. 

As emoções determinam em grande medida o intervalo da "janela de tolerância" (Siegel). A janela de tolerância define a amplitude da banda de activação ou excitação (de qualquer tipo), de entre os limites em  que um individuo pode funcionar bem. Os limites da janela de tolerância, são por um lado, a rigidez e depressão e por outro o caos. E é fácil que uma emoção demasiado intensa nos leve para fora dos limites da janela de tolerência (por demasiada excitação ou demasiada inibição), incapacitando-nos assim para responder com equilíbrio e fluidez às situações stressantes que nos são apresentadas no nosso dia a dia.

Como gerir as emoções difíceis?

Estas praticas pretendem, além de aliviar o sofrimento, evitar os danos psicológicos que se originam na raiz do impacto emocional e prevenir acções inapropriadas que podem gerar conflitos interpessoais mais graves.
Trata-se de transformar a energia emocional em resultados positivos, como: uma maior compreensão da situação, um aumento do auto-cuidado e, se as circunstâncias o requerem, uma acção externa apropriada ao estímulo a fim de reorientar a situação numa direcção construtiva.
Em termos neurobiológicos, trata-se de nos mantermos dentro da janela de tolerância, a fim de sermos capazes de responder à situação de maneira adaptada e harmoniosa.

Os 7 passos do equilibrio emocional 

1- Parar

Ao notar que uma emoção intensa e desagradável surge, devemos procurar parar, fazer uma pausa e concentrar a nossa atenção nesse movimento emocional nascente. Pode ser dificil no inicio, deter o processo, porque a emoção de uma forma geral, impulsiona a actuar de seguida, de maneira impetuosa e irreflexiva. Mas, em lugar de este primeiro impulso, devemos conceder um tempo para reflectir e valorizar o que sucede no nosso mundo interior. Desta forma, interrompemos a cadeia do nosso condicionamento e criamos a possibilidade de responder de maneira diferente do habitual.
Devemos ir praticando repetidas vezes, a fim de adquirir o hábito desta prática.

2- Respirar fundo

Uma vez que parámos, procedemos a serenarnos. Para isso, é util focar a atenção na respiração e no corpo. Se a exitação é muito intensa, convém respirar fundo umas quantas vezes. Também podemos focar a atenção à zona ou zonas do corpo em que a emoção se manifesta. Pode ser o coração a bater depressa e com força, ou uma opressão no peito, ou uma tensão no ventre. Em qualquer caso, no lugar de evitar essas sensações, trata-se de percebê-las com detalhe e relaxar a zona afectada, criando um espaço para que a emoção se expresse através de sensações corporais. Em especial, focar a atenção na repiração e respirar profundamente, provoca uma diminuição da excitação e permite-nos voltar à janela de tolerância.

3- Tomar consciência da emoção

Trata-se de familiarizarmos com os aspectos possiveis da emoção que estamos a viver ou reviver, não de uma maneira intelectual, mas através de uma experiência directa, vivencial. Se localizámos as mudanças corporais que provoca, focamo-nos nelas com cuidado e curiosidade. Observamos ou imaginamos (se for retrospectivamente), que situação ou situações desencadeiam essa emoção. Que pessoa ou pessoas? Que frase ou pensamento? Que recordação ou imaginação?
Procuramos detectar quais os aspectos chave que fazem gerar a emoção ou que estímulo concreto constitui um disparar critico da emoção. Logo, procedemos a identificar de que emoção se trata. Damo-lhes um nome... É raiva, medo, tristeza, vegonha...? Quando etiquetamos uma emoção, esta perda força.
Perguntamos mesmo assim, se a emoção podesse falar: Que diria? Que expressaria? Que necessidade revela? Que nos impulsiona a fazer? Como nos comportaríamos de nos guiassemos pelo impulso?
Observamos sem julgamento, todo este complexo processo mental e corporal, que compõe a experiência emocional.

4- Aceitar a experiência, permitir a emoção

Ao observar a emoção, temos que fazê-lo sem opôr resistência, permitindo que seja tal e qual é.
Ao principio, notaremos um sentimento de aversão que despertou em nós. Somos testemunhas de como surge essa resistência e da rejeição que nos produz a situação. Mas em lugar de activarmos os mecanismos habituais de de defesa, permitimos que a emoção se manifeste sem obstáculos, que evolua no nosso interior mostrando todo o seu potencial. Reconhecemos a emoção como uma parte integrante da nossa realidade e da realidade em geral.

5- Autocompaixão

Não dos deixemos "aniquilar" pelos sentimentos de dor ou impotência, de raiva ou vergonha. Há sempre uma parte de nós que quer permanecer nesse espaço emocional, em que habita a resistência, e que parece desejar que o tempo pare. Se nos deixarmos levar por essa tendência ficaremos presos. Ajuda que nesses momentos respiremos profundamente umas quantas vezes.
E depois conectamos com aquela parte de nós que ainda se mantém integra e sã, e que ainda pode funcionar como uma fonte de amor e ternura. Tratamos de encontrar essa fonte de amor e carinho que é capaz de aliviar a angústia e a opressão que sentimos. Proporcionamos amor e ternura a nós próprios. Desejamos o bem, a felicidade, a saúde e a paz. Podemos expressar através de frases, como por ex. " Que eu seja feliz, que me passe este sofrimento, que encontre a paz"...
Trata-se de reconhecer-nos como seres dignos de ser queridos e que alcançamos um espaço de paz, beleza, força e amor. Um espaço que é o antidoto da opressão, da pequenez e do sofrimento que estamos a experimentar.

6- Soltar a emoção

Quando a emoção acalmar um pouco, é bom que comecemos a desidentificarmo-nos com ela. Que pensemos que não somos a emoção, estamos somente a tê-la durante um certo periodo de tempo. Pode ajudar dizer a frase: "Eu tenho esta emoção, mas não sou a emoção". Ou "Eu sou algo mais que a emoção que agora tenho".
A emoção manter-se-á activa durante todo o tempo em que a sustentamos com os pensamentos que a nutrem. Em lugar de retê-la ou fomentá-la, procuremos desapegar-nos dela e deixá-la ir.
Como tudo o que tem uma base física, a emoção, com o tempo, tenderá a diminuir e desaparecerá. Procuremos acelerar este processo não nos implicando no ciclo vicioso de pensamento-emoção-pensamento-emoção.
Não há nenhuma razão para reter a emoção que nos faz dano e ficarmos presos a ela. Simplesmente, soltamos e deixamo-la ir.

7- Actuar ou não, segundo as circunstâncias

Uma vez passado o pior da tormenta emocional, é possivel que seja necessário actuar, ou noutras ocasiões é possivel que não seja preciso.
Se a situação requer uma resposta, depois de aplicar os passos anteriormente descritos, estaremos nas melhores condições para actuar. A resposta adequada surge espontaneamente quando estamos em sintonia com a totalidade da situação e fluimos com o rio da vida.
Se não é necessário actuar de imediato, é melhor esperar que acalme a tempestade emocional e que tenhamos assimilado a verdadeira importância da sua mensagem.
Quando a emoção é assimilada completamente, é fácil que chegue a resposta adequada. Damos tempo, em lugar de actuar precipitadamente.

A ordem destes passos não tem que ser obrigatoriamente esta. Por vezes, vários ocorrem simultaneamente, ou também por ordem diferente. O importante é o conjunto do processo.

Adaptado de "Aprender a practicar mindfullness" de Vicente Simón